Sumidoiro's Blog

01/08/2011

BENDITA LAGOA SANTA

Filed under: Uncategorized — sumidoiro @ 8:26 am

     ♦ Impressões de uma viagem ao passado [para a amiga Marilda].

Peter Wilhelm Lund veio para o Brasil,

porque não mais suportava o gelo do hemisfério norte.

Temendo a tuberculose, buscava melhores ares e esteve no país, pela primeira vez entre 1825 e 1829. Entrou com o pé direito, conseguindo material para publicar três trabalhos, nas áreas de seu interesse: botânica e zoologia. Um deles sobre admiráveis passarinhos, os tangarás, que conheceu numa fazenda no estado do Rio de Janeiro e lhe renderam uma admirável monografia: “De genere Euphones”. Retornou à Europa em janeiro de 1829 e, no dia 5 de novembro de 1829, graças aos seus tangarás, recebeu o título de doutor em filosofia pela universidade alemã de Kiel.

Grande distância, de Curvelo a Lagoa Santa, em lombo de burro. Rio das Velhas, em vermelho.

Pela segunda vez no Brasil, empreendeu uma grande viagem de investigação da flora, em companhia do renomado botânico Ludwig Riedel(1). Naquele momento, o doutor Lund estava interessado especialmente em insetos e pequenos pássaros. Saindo do Rio de Janeiro, percorreram São Paulo, Minas Gerais e Goiás. No ponto extremo do roteiro, quando chegavam a Ouro Preto, no dia 30 de outubro de 1833, Riedel adoeceu e, com esse transtorno, teve que abandonar a excursão, retornando ao Rio de Janeiro. Daí em diante, Lund prosseguiu no caminho de volta sozinho. Corria o ano de 1834 e, ao passar pela segunda vez pela Vila do Curvelo, o destino mudou sua vida. Ali conheceu o conterrâneo Peter Claussen(2), que assinava o nome Pedro Cláudio Dinamarquez. Era um mercenário, explorador de fósseis e foi quem lhe apontou alguns sítios arqueológicos. Lund passou então a investigar várias grutas e, logo de início, alguns achados lhe causaram surpresas.

Chegando em Lagoa Santa. (Por Brandt detalhe)

Ali em Curvelo, também conheceu o norueguês Peter Andreas Brandt(3), desenhista, boêmio e aventureiro, que estava trabalhando com Claussen, mas vivendo miseravelmente. Durante algum tempo, Lund permaneceu na região, auxiliado por Brandt. Foi quando percebeu a enorme fonte para pesquisas arqueológicas que tinha à sua frente. O patrão de Brandt já se mostrara uma pessoa inconveniente e não estava valendo a pena permanecer em sua companhia. Diante disso, ambos abandonaram, sorrateiramente, o encrenqueiro Pedro Cláudio, em 2 de setembro de 1835, com destino a Lagoa Santa.

MORADA NOVA

Depois de longa viagem em lombo de burro, chegaram ao entardecer no arraial de Nossa Senhora da Saúde da Lagoa Santa, em 17 de outubro de 1835. Lund sentiu o sol, encantou-se com a beleza do lugar, respirou fundo e exclamou:

“- Aqui, sim! Aqui está bom para se viver!” 

Tangarás enfeitando a lagoa. 

No  povoado, alugou uma casa que mais tarde comprou, residindo nela por toda vida. Ficava na área central, à pouca distância do lago e lhe oferecia uma série de vantagens. A localização se mostrou inconveniente apenas uma vez… Brandt conseguiu uma moradia para si, bem próxima da casa de Lund. Os dois se associaram no trabalho de exploração da fauna, da flora e, principalmente, das inúmeras cavernas da região em busca de fósseis.

Brandt dominava o desenho técnico e seus registros de natureza científica foram preciosos. Mas, na figura humana e na paisagem, seu trabalho era despojado, vez ou outra tangenciando o estilo primitivista. Sem levar em conta os valores estéticos e as qualidades técnicas, não há como negar que suas pinturas têm inestimável valor documental. Vale lembrar que Lund também desenhava com desenvoltura. Os dois associados produziram um trabalho mundialmente reconhecido e, pela importância das descobertas, o cientista ficou conhecido como “pai da paleontologia brasileira”.

RETORNO NO TEMPO

Algumas ilustrações deste Post foram trabalhadas em computador, de forma a lhes dar mais visibilidade. Os originais não foram modificados na sua essência.

Lagoa Santa em 1842igreja, ponto vermelho; sangradouro da lagoa, ponto verde. (Por Heaton & Rensburg, detalhe)

O povoado se chamou, nos tempos mais antigos, Lagoa Grande. O primeiro morador foi Filipe Rodrigues que, em 1713, se estabeleceu junto ao sangradouro, cultivando cereais e plantando cana, tendo erigido um pequeno engenho de aguardente. Por sua inciativa e de Manuel Pereira Barredo, foi obtida a provisão de 02.05.1749, para se erguer uma capela dedicada a Nossa Senhora da Saúde, filial da matriz de Santo Antônio da Roça Grande. O nome Lagoa Santa surgiu depois, quando começaram a dizer que suas águas produziam curas milagrosas. A primeira pessoa a divulgar essas virtudes foi o frei Antônio de Miranda, de Sabará, que se disse curado de suas chagas ao se banhar na lagoa. Várias pessoas repetiram a mesma história, que acabou virando lenda.

Planta de Lagoa Santa. (Por Brandt)

O lugar sempre atraiu estrangeiros, entre eles os francêses Foulon, proprietário de uma estalagem e Fourreau, que tinha uma razoável pousada e a melhor taberna. O aprazível arraial teve na fama da lagoa forte atrativo aos visitantes. Os mais imprudentes chegavam a se afogar nas águas santas, como aconteceu com Antoine Dupin. Diz um registro(4) paroquial:

” Aos oito dias do mez de Maio de mil oitocentos e trinta e dous anos falleceo affogado na Alagoa contigoa a este Arraial, Antonio Dupan, estrangeiro viandante […] sepultado no Cemiterio da Igreja Matriz…”

Depois foi o próprio Lund que contribuiu para trazer inúmeros curiosos, desejosos de vê-lo de perto. Entretanto, se o ocupado cientista fosse atender a todos, não conseguiria trabalhar. Por isso, passou a exigir agendamento das visitas, mas nem por isso atendia a todos. Em 1867, o famoso explorador e aventureiro Richard Burton(5), partira de Sabará, viajando de canoa pelo Rio das Velhas, com destino ao oceano Atlântico. Como parte do seu projeto, passou por Lagoa Santa para conhecer o cientista. Assim ele descreveu o acontecimento:

” … avistamos , do alto, […] o Arraial de Lagoa Santa. […] Chegamos até o largo, Praça de Nossa Senhora da Saúde […] Paramos juntos de algumas estacas para amarrar os cavalos, frente a uma porta onde havia a inscrição F. F. e, como tínhamos ouvido falar de um hotel francês, batemos. A porta foi aberta por uma senhora de aspecto bem inglês, como verificamos depois, nascera em Malta. Perguntamos por M. François Fourreau e fomos convidados a apear. Depois de apertarmos as mãos e trocarmos saudações, na língua de Racine e Corneille, encomendamos o almoço, com bastante sem-cerimônia; o hospedeiro se assentou conosco e deleitamo-nos com uma excelente sopa e um ‘bouilli’ não fácil de ser encontrado fora das fronteiras da França.

Antigo sub-oficial do ’16éme Léger’, M. Fourreau tinha sido feito prisioneiro na campanha da Rússia e  o resultado foi que, como era um ‘très joli garçon’, fundara um circo e viajara com ele pela Ásia Ocidental. Seus três filhos […] continuam dirigindo o circo em Diamantina; sua filha, uma bela ‘ecuyère’ (amazona) e casada, como mostrava o Pedrinho, morava com os pais. […] Passamos a noite em boa prosa e bebendo vinho; quando pedi a conta, M. Fourreau riu-se na minha cara. Lamento dizer que Madame fez o mesmo; deixei-os contudo com muito pesar.”

E comentou sua frustração, por não ter sido recebido por Lund:

“Quando chegamos (Burton e José Rodrigues Duarte), mandamos nossos cartões ao Dr. Lund […] Eu estava interessadíssimo em indagar-lhe a respeito do ‘homem  fóssil’ […] M. Fred. Wm. Behrens, o amável secretário do sábio, apareceu com muitas desculpas e pedindo que aguardássemos até a manhã seguinte. Assim fizemos, mas em vão. Desconfio que o nosso insucesso foi devido ao nervosismo de Lund, seu receio a estrangeiros, que muitas vezes ataca mesmo os homens mais fortes, depois de uma longa residência no Brasil, ou melhor, nos trópicos.”

Procissão passando em frente à casa de Lund. (Por Brandt)

ALTA TENSÃO

Dizem os seus biógrafos que, quando Lund chegou ao arraial, os lagoanos o acharam-no excêntrico. De fato, os nativos ensolarados não podiam fazer outra imagem do homem que veio do frio, pois suas mentalidades e comportamentos eram, por natureza, muito diferentes. No ano de 1910, o historiador Pires de Almeida(6) chamou Lund de “o solitário de Lagoa Santa” e fez um comentário:

“Imagine-se a figura […] do filósofo, vestido de grosso tecido mineiro, mal talhado, grosseiramente costurado, é verdade que sempre muito asseado e correto, a ensinar a ler, o desenho e a música às crianças, chegando até a organizar com seus alunos uma banda […]muito regular.”

Em 1868(7), foi a vez da família imperial brasileira enfrentar o homem que tinha estopim curto. O duque de Saxe, marido da princesa Leopoldina, e o seu primo, o conde d’Eu, marido da princesa Isabel, viajando por Minas Gerais, se dirigiram a Lagoa Santa com o intuito de conhecer Lund. Na voz do povo, ficou uma versão jocosa da visita. Dizem que, antecipadamente, o conde d’Eu enviou um mensageiro com um bilhete, avisando a hora da sua chegada. Ao receber a mensagem, Lund interrompeu seu trabalho para ler o recado e, ao pé da mesma folha, respondeu: “Recebo-o entre 1 e 2 horas. Na minha casa quem manda sou eu.” Ou seja, os ossos de Lund eram mais importantes que o duque e o conde do imperador. Por essa e por outras é que o dinamarquês ganhou a injusta fama de sistemático, mas é preciso compreender suas atitudes. Dedicava sua vida à ciência e não queria ser transformado em atração turística.

Casa de Lund após reforma; à esquerda o cientista. (Por Augusto Riedel, detalhe)

MINHA CASA, MINHA VIDA 

Posteriormente, por encomenda do duque de Saxe, o talentoso fotógrafo alemão Augusto Riedel(8), que possuía estúdio em São Paulo, produziu uma série de fotos dos lugares por onde passara a comitiva imperial. Os melhores registros de Lagoa Santa, daquela época, foram feitos por ele, especialmente o da casa de Lund. A moradia havia passado por reformas e, sem dúvida, se tornara uma das melhores do vilarejo.

Chamam a atenção alguns detalhes que aparecem na fotografia de Riedel: a pintura bem conservada; cobertura íntegra, com as telhas da frente caiadas; muros com acabamento de telhas, também pintadas; cerca em madeira, cuidadosamente lavrada e de boa estética; janelas envidraçadas, algumas com a função de melhorar a ventilação e também telas contra insetos. E, completando, para os momentos de ócio e devaneio, uma agradável varanda.

Lund na varanda, curtindo a preguiça. (Detalhe)

CORPO E ALMA

Lund era protestante – luterano – como também seu assistente Brandt. Para ele, viver numa comunidade essencialmente católica não era problema, pois possuía mentalidade aberta nas questões religiosas e aceitava todos os cristãos de verdade. Mas, a Brandt desagradava a idéia de morrer e ser enterrando em cemitério católico. Foi esse o principal motivo que levou Lund a adquirir um terreno onde ele e o amigo estão enterrados junto aos seus colaboradores Peter Andreas Brandt, Wilhelm Behrens e Johann Rudolph Müller. Por ser homem de fé, não temia a morte, pavor tinha era da doença e exagerava nos cuidados com a saúde. Em uma correspondência a um amigo revelou:

“Procuro fazer minhas condições tão confortáveis e agradáveis quanto possível, e desenvolver os recursos que o lugar oferece, e que são compatíveis com minha saúde.”

O naturalista Álvaro da Silveira(9) esteve em Lagoa Santa, no início do século XX, e ouviu contar sobre uma das manias de Lund:

“Para evitar resfriamentos, as portas e janelas de sua casa abriam-se aos poucos, afim de que a temperatura do interior se puzesse insenssívelmente em equilíbrio com a do exterior. Gastava-se mais de uma hora para abrir completamente a janela. Nos dias frios ou úmidos a sua casa não se abria.”

A religião marcou a família de Lund, tanto em momentos de fé quanto de tormentos. Ele era primo-irmão de um religioso, que foi importante teólogo e bispo luterano, Peter Kierkegaard(10) e do seu irmão, também teólogo e filósofo existencialista Søren Kierkegaard(11) . Certa vez, em uma correspondência ao primo Peter, escreveu:

“Eu nutro em mim uma fé cristã infantil; mas, graças a Deus, uma fé firme e inabalável de um destino cristão, um destino que tem contados os nossos cabelos; mas nisto fico e me firmo…”

E, de outra feita, ao mesmo confessou:

“No sertão eu encontrei a paz e a ocasião perfeita para a mais profunda contemplação, e trabalhei arduamente para construir a minha concha, a filosofia da vida prática, na qual se busca abrigo e proteção contra as tempestades do mundo.” 

Peter Kierkgaard, Søren Kierkgaard e Peter Lund, primos irmãos.

As angústias eram mal de família. O primo Søren, se dizia atormentado por uma sina, como revelou em seu diário, à qual chamou de “Grande terremoto”. O pai de Søren trabalhara em uma fazenda na Jutlândia e, revoltado com as privações por que passava, certo dia subiu ao alto de uma montanha e amaldiçoou solenemente a Deus. O espírito melancólico do pai e o temor pelas consequências do pecado, contaminaram a família. De fato, inúmeras adversidades se sucederam e Søren chegou a acreditar que estavam todos amaldiçoados. Somente após o estudo de teologia na universidade é que conseguiu, de certa forma, reequilibrar-se emocionalmente e produzir sua grande obra filosófica.

Em uma carta, datada de 31.08.1835, um mês antes de Lund deixar Curvelo, Søren lhe externou um pensamento: “A questão é entender a mim mesmo, para ver o que Deus realmente quer que eu faça: a questão é encontrar uma verdade que seja verdadeira para mim, encontrar a idéia pela qual eu possa viver e morrer.” Ora, não era também isso que Lund estava procurando ao chegar a Lagoa Santa?

Matriz de Nossa Senhora da Saúde. Ao fundo, boteco e residência de Fourreau. (Por Eugen Warming, detalhe)

PÉ NA TERRA

Lund gostava muito de música e estimulou os lagoenses a desenvolverem o gosto por essa arte. Forneceu instrumentos, ensinou a tocar e criou uma banda de música. Ele mesmo tocava piano muito bem. A banda frequentemente executava peças que lhe enviavam da Dinamarca. O conjunto musical do luterano era ecumênico e participava das procissões e festas católicas. Também, ajudava e procurava melhorar a vida dos mais necessitados. Dizem que construiu no lago um enorme galpão, para abrigar as lavadeiras do sol e da chuva.

Casas de Foulon junto à matriz, à esquerda. (Por Eugen Warming, detalhe)

Toda manhã, prestava assistência médica gratuita aos doentes que faziam filas à porta do “dotô ” Lund. Suas prescrições e remédios simples sempre davam bons resultados. Ensinou inúmeras pessoas a ler e escrever. Teve um filho adotivo, Nereo Cecílio dos Santos, seu aluno especial e depois secretário. Ensinou a esse menino da roça, língua pátria, francês, latim, dinamarquês e fundamentos da arte musical.

OS AUXILIARES

Durante muitos anos, até seu falecimento em 1862, Brandt foi o principal colaborador de Lund. Com sua falta, Lund convidou o zoólogo J.T. Reinhardt(12) para auxilia-lo na organização do material encontrado e foi o diretor da coleção Lund, na Dinamarca. Mais tarde, contou com a colaboração do botânico Eugen Warming(13). A partir de 1866, teve como secretário e desenhista F. W. Behrens(14). De todos, Nereo foi a pessoa mais próxima e seu herdeiro principal. Enquanto Lund viveu, esteve ao seu lado e cuidou do túmulo até quando ele próprio veio a falecer.

Banda Santa Cecília, criada por Lund. (Detalhe)

AMENIDADES

Disse Álvaro da Silveira que ouviu relatos divertidos sobre Lund. Um deles:

“Evitava o mais que podia toda e qualquer contrariedade […]Um seu vizinho mandara vir […] uma vaca para o fim de fornecer leite […] À tarde, viu a vaca para a frente do curral onde se achava preso o bezerro e, a intervalos não muito afastados uns dos outros, berrava, ao que lhe respondia com outros tantos berros, alternadamente, o bezerro.

Esta orquestra bastante incômoda prolongou-se por toda a noite. No dia seguinte, Lund mandou chamar o dono da vaca e lhe perguntou quantas garrafas de leite produzia […] quanto durava a lactação e qual o preço de cada garrafa. Depois de ter estas informações, retirou-se para o seu gabinete, de lá voltando, no fim de algum tempo, com um papel, em que se viam algumas multiplicações…”

E o doutor Lund apresentou a solução:

“- A sua vaca, fornecendo por dia […] cinco garrafas de leite produzirá nos seis meses de lactação 900 garrafas que, vendidas a 100 reis produzirão 90$000. Agora o senhor solte a sua vaca. Ficou assim livre da música bem pouco agradável, que lhe causara tanto incômodo, não o deixando dormir.”

Sobre os lazeres de Lund, Álvaro da Silveira contou:

” É bem claro que, em um lugar como Lagoa Santa, raras seriam as distrações que o sábio […] poderia encontrar. Para ter um ponto onde pudesse gozar algumas horas de recreio, mandou construir na lagoa […] uma casa onde ia quase diariamente passar das 11 horas até 1 da tarde. Distraía-se ali a atirar comida aos peixes […] que rodeavam em cardumes a pequena casa.”

Essa edificação era conhecida como “Casa d’Água”; enquanto durou foi uma atração do arraial. Estava localizada nas imediações do atual Praia Bar. A foto abaixo mostra a construção em madeira, de dois andares, na beira do lago. Brandt também ali passava boa parte do tempo. A casa, em estilo dinamarquês − vide detalhes do telhado − ficava na margem da lagoa, bem próxima à residência do cientista.

Casa d’Água. (Por Eugen Warming, detalhe)

Uma foto de Warming, foi publicada com a seguinte legenda: “A margem NE da Lagoa Santa. As palmeiras são Acronomia sclerocarpa. Nos jardins vêem-se cafeeiros e laranjeiras”Nessa outra imagem se vê uma casa de quatro janelas, tendo quatro palmeiras à esquerda, que é a mesma que aparece na foto da Casa d’Água. A iluminação e as referências topográficas, como o morro ao fundo, indicam que as duas imagens foram captadas à tarde, com o fotógrafo posicionado ao noroeste da lagoa.

Casa na beira da lagoa [a mesma da foto anterior, à direita]. (Por Eugen Warming, detalhe)

TUMULTO NA LAGOA

Lund possuía razoável fortuna, proveniente de herança, além de receber subvenção financeira do governo dinamarquês. Desta maneira, conseguiu durante seus tempos de Brasil, viver dedicado apenas à pesquisa científica. Em certa época, chegou a emprestar dinheiro aos necessitados de Lagoa Santa, sem cobrar juros e sequer exigir de volta o capital. Esvaziava seu cofre, mas a atitude fazia parte do seu temperamento. Entretanto, em 1839, Lund deu um passo em falso, ao financiar uma turma de aventureiros estrangeiros, liderados pelo espertalhão húngaro Franz Wiszner von Morgenstern(15). Foi o início de um tumulto financeiro e nova fonte de preocupações, contribuindo para piorar seu frágil estado emocional.

Atraído pela lábia de Morgenstern – estrela da manhã, em português – Lund decidiu aplicar dinheiro em uma mina de ouro de sua propriedade, nas proximidades de Sabará. Ingenuamente, caiu nas mãos do vigarista da estrela d’alva e não chegou a ver o brilho do vil metal. Perdeu parte da sua fortuna, mas ainda permaneceu com muitos bens imóveis e dinheiro, tanto que deixou herança de considerável monta.

Cena da batalha entre liberais e conservadores. (Litografia por Heaton & Rensburg)

Três anos depois, outro acontecimento veio a atormenta-lo, foi a Revolução Liberal de 1842, que o obrigou a encaixotar o produto do trabalho arqueológico de muitos anos e trancar-se em casa. Nessa temporada, nada mais de arqueologia e devaneios. No auge do conflito, no dia 3 de agosto, ocorreu uma sangrenta batalha no arraial. As tropas governistas, constituídas pelas forças de Sabará, tentaram tomar o terreno onde estavam aquartelados os revolucionários. O relato(16) de um combatente liberal, o cônego José Antônio Marinho, ilustra bem o que se passou em torno da casa de Lund:

” Trez minutos serão passados depois da nossa chegada à Lagoa Santa, pelas duas horas da tarde, quando rompeo o fogo da emboscada, […] em que cairão as forças da legalidade, […] graças à valentia dos bravos Curvellanos e ao sangue frio do seu chefe, o Coronel Luiz Eusebio d’Azevedo […] elles [os legalistas] acometião com uma coragem verdadeiramente militar, despedião uma chuva de balas; mas os homens do Sertão entrincheirados como estavam, não davão tiro a debalde, e tão terrivelmente repellião os contrários, que cada  bala por elles despedida levava consigo uma morte, ou uma ferida. O combate cessou com a noite; os legalistas foram repellidos com perda; e os Insurgentes conservaram-se em seus postos sem que perdessem um palmo de terreno.”

Nesse dia, a dor e a morte tomaram conta de Lagoa Santa e o lugar não esteve bom para se viver. Lund escreveu a respeito do acontecimento:

“O paraiso terrestre […] tornou-se palco de cenas que me encheram de repulsa e pavor. […] Ninguem em casa veio a ferir-se, apesar das balas que assobiavam perto dos nossos ouvidos […] Neste momento, quando escrevo isso, reina um silêncio sepulcral em torno de mim, todas as casas fechadas, as rua vazias, nenhuma viv’alma é vista. Alguns corpos ainda estão espalhados aqui e ali; os abutres, que nos dias de tumulto anteriores tinham desaparecido, já se deixam ver, mas eu antecipo no trabalho principal de recolher e enterrar os cadáveres. O Sol de Lagoa Santa se pôs para mim.”

Uma gravura de Heaton & Rensburg(17) representa uma cena da batalha e traz como legenda:

“… um soldado do Curvelo e quarenta praças derrotaram as forças do coronel Manoel Antônio Pacheco(18), compostas de 750 praças; […] o tenente Pedro Lataliza, com 18 praças e 6 armas fez debandar 200 praças; […] Manoel José de San Payo e Moysés de Souza Caldeiras e mais 3 moços do Curvelo  fizeram debandar 250 praças.”

Registro de óbito de um jovem soldado curvelano.

Cumprindo seu papel de médico, Lund prestou socorro a vários feridos. Nos livros paroquiais, arquivados na Cúria Metropolitana de Belo Horizonte, há vários registros, um deles(19) se refere a um soldado do exército liberal. É possível que Lund tenha atendido esse guerrilheiro, que resistiu cinco dias antes de falecer, como consta em uma anotação de óbito:

“Aos oito dias do mês de Agosto de mil oitocentos e quarenta e dois annos faleceo Francisco de Salles Rego, morador no Bagre, Freguesia do Curvelo, cazado com Joanna Gonçalves […] de vinte e cinco anos de idade, por tiros que recebeu neste Arraial em guerrilha no dia tres do dito mes, e recebeo os Sacramentos da Penitencia e Extrema Unção…”

No seus dias de refúgio forçado, remoendo angústias, Lund deve ter trazido ao pensamento o enrolado Morgenstern, que também estava metido nessa nova confusão. Daquela feita, pretendia construir trincheiras para os revolucionários, como revela uma correspondência(20) que enviou, em 19.08.1842, para José Feliciano Pinto Coelho da Cunha, investido como governador interino do estado e comandante-chefe dos liberais:

… cumpre-me informar que achei um lugar […] nos altos denominados de Alcobaça […] que podem construir três Linhas de trincheiras inexpugnáveis […] Para a construção dessas fortificações é mister hum numero de trabalhadores que não seja menor que sessenta, para acaba-las em dois dias…” 

No dia seguinte, 20.08.1842, ocorreu a batalha final na vizinha vila de Santa Luzia e os liberais foram derrotados pelas tropas do duque de Caxias. As preocupações de Lund com a guerra se atenuaram, porém Morgenstern, que ainda lhe devia, desapareceu e o deixou a ver navios em Lagoa Santa. Dele só se teve notícias em 1845, trabalhando para o ditador Solano López, no Paraguai.

TESTEMUNHOS

Um dos biógrafos de Lund, seu filho adotivo Nereo, em sua obra(21) póstuma “O Naturalista”, assim o descreveu: “Era de um caráter nobre, benévolo, amável e caritativo. […] Amou sinceramente este belo país […] Era dotado de um vivo sentimento religioso; e, em uma carta dirigida ao bispo Kierkegaard [Peter], seu amigo e primo, pouco antes da sua morte, manifestou-se de um modo tão bonito como frisante: ‘Eu nutro em mim uma fé cristã infantil; mas graças a Deus, uma fé firme e inabalável’…”

Nereo falou também do lado sentimental, se referindo a um amor italiano:

“Lund (contado por ele próprio) amou, uma vez na vida e teve desejos de casar. Mas o amor de jovem e gentil italiana, que conheceu quando viajava pela Itália, não foi forte bastante para se apossar do coração do sábio […] uma loura mulher que vagamente almejou esposar…”

Mas, dizem antigos moradores de Lagoa Santa, ter existido um outro amor. Das poucas casas que o cientista frequentava era a do senhor Américo, um homem culto, reservado e de algumas posses que se mudara para o arraial. Possuía um piano que Lund gostava de ouvir e também tocar, sob os olhares da filha do anfitrião. Daí surgiu um grande amor, ela se apaixonara pelo pianista amigo, mas o sentimento era unilateral.

Ainda, no seu texto sobre Lund, Pires de Almeida, escreveu:

“Em 1848, […] Lund que até aquela época manifestara desejos de voltar à Europa e ir habitar o sul da França, resolveu ficar na Lagoa Santa […] Ofereceu então as ricas coleções, que acumulara com tanto carinho e desvelo, ao museu de Copenhague; daí em diante limitou-se, como ele próprio declarou em uma carta, a cuidar no beata ruris otia, (bendito ócio do interior) … do seu jardim e a dar curtos passeios pelo abandonado campo de suas conquistas científicas, contemplando, às horas intermediárias, do alto do mirante, as águas crespas da lagoa.”

Casa de Lund adaptada para grupo escolar. (Por William Thalbitzer, detalhe)

A edificação foi sendo degradada ao longo do tempo. A que hoje existe, de Lund só tem o nome. Não foram mantidas no atual grupo escolar, instalado na antiga casa de Lund, as características originais. Pires de Almeida, comentou sobre o desprezo que tiveram pela casa histórica:

“Quanto à casa, aquele humilde mas preciso berço da paleontologia brasileira, está atualmente convertido […] em nojenta taverna, onde em um escuro e ignóbil balcão se trocam por um ‘cobre’, a rapadura e o fumo, embrulhados talvez em manuscritos (inéditos, quem sabe?) do grande filósofo. O mirante cai aos pedaços. O jardim, onde se descobrem ainda escolhidos arbustos plantados pela mão do sábio, acha-se em completo abandono.” 

Lagoa Santa, em 1922. Casa de Lund [grupo escolar], à esquerda. (Por William Thalbitzer, detalhe)

UMA VISITA

O filologista dinamarquês William Thalbitzer(22) esteve no Brasil, em 1922, participando do 20o Congresso Mundial de Americanistas(23) e também com o propósito de conhecer Lagoa Santa. Na abertura do congresso, fez um discurso e chamou a atenção para o trabalho de Lund. De fato fez a visita, acompanhado da mulher, a escritora e escultora Ellen Locker Thalbitzer. No seu retorno, publicou(24) na Dinamarca o seguinte relato:

“Após o término do Congresso, fiz com minha mulher uma viagem ao estado de Minas Gerais para visitar o túmulo do nosso ilustre compatriota P. W. Lund, em Lagoa Santa. […] Depois de uma noite mal dormida chegamos à capital, Belo Horizonte, […] Eu tinha comprado um bilhete para a estação Dr. Lund, assim designada em memória do estranho dinamarquês que dedicou sua vida às explorações em cavernas ao redor de Lagoa Santa. Descobri que havia sido levado a quatro estações mais ao norte. A estação de Vespasiano é a mais próxima de Lagoa Santa. Felizmente, há um trem de retorno antes do anoitecer.”

Em 15.02.1895, foi inaugurada a estação ferroviária de Horta Velha, da Estrada de Ferro Central do Brasil, no povoado de mesmo nome. Na primeira década do século XX, passou a se chamar Dr. Lund, em homenagem ao cientista.

Estação ferroviária de Dr. Lund, em 1922. (Por William Thalbitzer, detalhe)

Prosseguiu Thalbitzer em seu relato:

“Embora fossemos forasteiros, estávamos no lugar acompanhados de um comerciante, um médico e um farmacêutico, onde se recebe o visitante com a tocante hospitalidade dos lares brasileiros. O último, o senhor Alberto Gonçalves, dedicou-nos grande atenção, ao colocar seu carro à nossa disposição, inclusive para nos acompanhar até o túmulo de Lund, em Lagoa Santa. O túmulo está localizado em um pequeno terreno desmatado, em meio ao arvoredo do campo, a noroeste do lago e da aldeia de mesmo nome. O túmulo é cercado por uma grade de ferro. O próprio Lund tinha escolhido aquele local. Em uma placa de metal escuro há a seguinte inscrição:

 ‘Aqui jazem os preciosos restos do ilustrado e venerando sábio de saudosa e imorredoura memória. // Pedro Guilherme Lund / Nascido a 14 de Junho de 1801 / Falecido a 5 de Maio de 1880.’

Não se menciona que Lund era dinamarquês. Acima, em outra pequena placa, informa-se que é perpétuo, tem manutenção e os dizeres: ‘Gratidão ao Povo Mineiro que amo.’

Dentro do gradeado, imediatamente atrás do monumento, há três sepulturas no chão, com placa que traz os seguintes nomes e informações:

‘Pedro Andreas Brandt, norueguense // Guilherme Behrens, allemão, secretario e desenhista de Lund. // João Rodolpho Müller, suisso, seu amigo íntimo.’

Em frente ao portão gradeado, que leva até ao túmulo, a algumas braças de distância, em direção ao portão do cercado, assenta-se uma grande cruz de madeira, que registra o ano de 1862. É um símbolo católico como aqueles que são vistos na entrada da aldeia ou na praça. A supervisão do túmulo de P. W. Lund foi assumida há muitos anos por seu protegido Nereo Cecílio dos Santos que possuía a chave do portão. Soube que Nereo havia morrido cinco dias antes da minha chegada a Lagoa Santa. Ele fora levado para um hospital em Belo Horizonte e seu sucessor como zelador do túmulo, Antonio Felipe, ainda não tinha recebido a respectiva chave. A grade estava adornada com flores.”

E mais adiante:

“A casa de Lund, na praça principal da vila, permaneceu inabitada por 40 anos, agora está transformada em escola. Em Lagoa Santa, como em toda a região, é venerada a memória da sua pessoa. Seu trabalho no estudo das grutas, durante toda a vida, contribuiu para criar a tão  admirada imagem. Aqui, a Dinamarca, de repente, transformou-se em um nome familiar. Conhecemos velhos negros que, sorrindo com entusiasmo, disseram ter conhecido o “dotô Lundi dinamarquês” ou então que eram filhos de quem o conheceu. Mesmo os mulatos analfabetos sabiam o que qualquer brasileiro sabe, que P. W. Lund, durante o trabalho de uma vida inteira, projetou tanto o nome da Dinamarca quanto o do Brasil.”

Thalbitzer ilustrou o artigo com fotos, que afirmou serem de sua autoria, feitas durante sua passagem pelo arraial de Dr. Lund, Lagoa Santa e também as que fizera, anteriormente, no Rio de Janeiro, Petrópolis e Teresópolis.

Placa tumular para Brandt, Behrens e Müller. Túmulo [pequizeiro à esquerda], em foto por William Thalbitzer (1922).

DO SEU JEITO

Comenta-se até hoje, em Lagoa Santa, sobre o cuidado que Lund tinha com o trajar. Suas fatiotas eram lavadas nas águas da lagoa e depois passadas com goma de polvilho, destoando do amarrotado comum da vila. Era reverente com a natureza, pois sempre que descobria uma nova flor do serrado, oferecia uma recepção solene para acolhê-la em seus arquivos. Para tanto, vestia-se com especial esmero, cobria-se com um chapéu de abas largas, convocava a banda Santa Cecília e, juntos, encaminhavam-se para o campo, afim de dar boas-vindas à preciosa filha da natureza. Realmente, tudo isso pode ser fantasia, mas é verdade que escolheu uma das árvores mais bonitas do serrado para dar sombra ao seu túmulo: um pequizeiro.

 Lund: “primeiro, fazer meu enterro do modo mais simples; segundo, saldar contas dos criados e dos negócios.”

Em uma declaração, datada de 12.02.1875, fizera algumas recomendações. As duas primeiras: “Terão de 1º fazer o meu enterro, e do modo mais simples. – 2º saldar as contas dos Criados…” E mais, não queria lágrimas e que servissem aos presentes à última despedida as melhores bebidas de sua adega. Outra declaração, datada de 30.05.1876, determinava: “O Terreno envallado que possuo, onde estão sepultados o Snr. Brandt e o Snr. Behrens passará por minha morte a pertencer ao Snr. Nerêo Cecílio dos Santos.”

Os dias finais de Lund, já muito decadente e praticamente cego, foram assim descritos por Nereo:

“Uma constipação que lhe sobreveio, em fins de março de 1880, prostrou-o na cama, produzindo uma grande diminuição de forças, até que tranquilamente e sem maiores sofrimentos expirou, entregando seu espírito cultivado e tão nobre ao Criador, faltando apenas três semanas para completar a idade avançada de setenta e nove anos…” 

Pequizeiro em flor, árvore predileta de Lund. Seu retrato, por Eugen Warming, década de 1860.

Lund nasceu em 14.06.1801, em Copenhagen, e faleceu em Lagoa Santa, em 25.05.1880. Atendendo seu desejo, o féretro saiu da sua casa acompanhado pela banda de música Santa Cecília, tendo à frente o maestro Bruno Pinto Alves. Atrás, um punhado de amigos mais chegados. Entre eles o senhor Américo – do piano – acompanhado dos seus familiares e da filha inconsolável com a perda do amor impossível. No percurso até o cemitério foram tocadas músicas alegres e brilhantes, para que ninguém chorasse.

Por Eduardo de Paula

Música composta por Peter Wilhelm Lund:

SE EU FORA DAS AURAS

Se eu fora das auras / Do sopro fagueiro/ Suave e ligeiro/ No espaço voar.

Iria em teu colo / Em teus lindos cabelos / De amor delirante / Saudoso pousar.

Mas eu não sou aura / Florinha viçosa / Mui fresca e mimosa / Nem pombo a adejar!

Apenas um bardo / Que sofre e suspira / Que vive e respira / Só para te amar!

– – – – – –

(1) RIEDEL, Ludwig − botânico alemão.

(2) CLAUSSEN, Peter − Dinamarquês (*1807? +1860?). Vide o Post “O cavaleiro da lua”.

(3) BRANDT, Peter Andreas − (*1792 +1862), norueguês.

(4) Arquivo da Cúria Metropolitana de Belo Horizonte – Óbitos de Lagoa Santa, 1823/1861, fl. 21v.

(5) BURTON,  Richard −“Viagem de canoa de Sabará ao oceano Atlântico”, Itatiaia Editora, 1977, p. 36 a 38.

(6) ALMEIDA, (José Ricardo) Pires de − Médico, jornalista, historiador e teatrólogo (*07.12.1843 +24.09.1913): “Doutor Wilhelm Peter Lund, o solitário de Lagoa Santa”, na “Revista Brasileira”, nº 3, p. 130 a 152; transcrito na Revista do Arquivo Público Mineiro, Imprensa Oficial de MG, 1911, vol. 16, p. 487 a 494.(7) No álbum de fotografias, tomadas a posteriori, informa-se a data: “Viagem de S.S.A.A. Reaes Duque de Saxe e seu augusto irmão D. Luís Philippe ao interior do Brazil no anno 1868.” − Col. Thereza Christina Maria / Bibl. Nacional.

(7) No álbum de fotografias, tomadas a posteriori, informa-se a data: “Viagem de S.S.A.A. Reaes Duque de Saxe e seu augusto irmão D. Luís Philippe ao interior do Brazil no anno 1868.” − Col. Thereza Christina Maria / Bibl. Nacional./

(8) RIEDEL, Augusto – (*1836 +ca.1877); possuiu estúdio à rua Direita nº 24, em São Paulo (SP). / Lund declarou: “A pedido do Sr. Augusto Riedel , declaro […] que […] na sua passagem por aqui no mez de Maio de 1869…” (Vide adendo “Várias disposições”, em “O naturalista”, por Nereo Cecílio dos Santos – Imp. Oficial de MG, 1923.)(9) SILVEIRA, Álvaro da − “Lagoa Santa”, Revista do Arquivo Público Mineiro, Imprensa Oficial de MG, 1906, vol. 11, p. 599 a 613.

(10) KIERKEGAARD, Peter Christian − Bispo luterano, teólogo e político (*06.07.1805 +24.02.1888).

(11) KIERKGAARD, Søren Aabye − Filósofo e teólogo (*05.05.1813 +11.11.1855).

(12) REINHARDT, Joahannes Theodor − Zoólogo dinamarquês (*1816 +1882); filho do zoólogo Johannnes Christopher Hagemann, professor de Lund.

(13) WARMING, Eugen − Botânico dinamarquês (*1841 +1924).

(14) BEHRENS, Friedrich Wilhelm − Alemão, foi professor em Sabará.

(15) MORGENSTERN, Franz Wiszner von − (*1804 +1878).
Proprietário da mina de ouro de Papa-farinha, nas proximidades de Sabará (MG). Em 1865, participou da Guerra do Paraguai, construindo fortificações para as forças militares daquele país.

(16) MARINHO, José Antônio, Cônego (*1803 +1853).

(17) George Mathias Heaton, pintor inglês, e Eduardo Rensburg, litógrafo holandês. Em 1840, estabeleceram sua oficina litográfica Heaton & Rensburg, na Rua do Hospício, 103, Rio de Janeiro, passando depois por outros endereços, até se fixarem, em 1842, na Rua da Ajuda, 68.

(18) PACHECO, Manuel Antônio – Primeiro e único barão de Sabará (*? +14.02.1862).

(19) Arquivo da Cúria Metropolitana de Belo Horizonte – Óbitos de Lagoa Santa, 1823/1861, fl. 145v.

(20) “História da Revolução de Minas Geraes, em 1842” / Revista do Arquivo Público Mineiro, Imprensa Oficial de MG, 1910, vol. 15, p. 360.

(21) SANTOS, Nereo Cecilio dos − (*15.05.1852 +13.09.1922); biográfo de Lund em “O Naturalista” (obra póstuma), Imprensa Oficial de MG, 1923. / Vide também o Post: “Querido filho Nerêo”.

(22)  THALBITZER, William −  Filologista dinamarquês e professor de estudos esquimós na Universidade de Copenhagen (*1873 +1958)

(23) “20º Congresso Internacional de Americanistas”, realizado no Rio de Janeiro, de 20 a 30.08.1922. Nos anais do 20º Congresso, consta o professor Thalbitzer como único representante da Dinamarca presente ao evento.

(24) Geographik Tidsskrift, vol. 27, 1924: “Den 20de internationale Amerikanistkongres i Rio Janeiro”, por William Thalbitzer / Consta no final do texto: “Illustrationerne er udført efter forfatterens egne fotografier fra rejsen“(ilustrações feitas com fotos tomadas pelo próprio autor em viagem). Houve quem atribuísse as fotos ao fotógrafo dinamarquês Frederik Riise, o que parece bastante improvável. É possível que Riise tenha apenas revelado os filmes e feito cópias, porém mantendo os negativos em seu poder, por isso, surgiu o aparente equívoco.

Blog no WordPress.com.