Sumidoiro's Blog

01/04/2022

GENTE MINEIRA

Filed under: Uncategorized — sumidoiro @ 12:49 pm
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♦ Nos olhares do alemão

 Movido por curiosidades científicas, o alemão Hermann Burmeister(1), médico e naturalista, veio passar uma temporada no Brasil. Para tanto, depois de chegar ao Rio de Janeiro, se dirigiu à Lagoa Santa, onde o  dinamarquês Peter Lund(2) estava a viver e desenvolvia pesquisas arqueológicas.

Todos os sangues fazem a gente de Minas (retirado de Rugendas).

• Burmeister partiu de Halle, em 12 de setembro de 1850 e chegou ao Rio de Janeiro em 24 de novembro. No ano seguinte, 1851, montado a cavalo, adentrou em Minas Gerais e foi colecionando variadas experiências, que estão relatadas no livro Viagem ao Brasil(3).


Na sua obra, dentre inúmeras coisas, dá notícias da organização social, dos costumes e dos comportamentos do povo das Minas Gerais. Aqui vão alguns destaques do que escreveu:

      “A distinção de cor dentro da sociedade e nas diversas camadas da população é surpreendente. Latifúndios em mãos de gente de cor são exceções. Os proprietários, sejam de terras ou de minas, quase todos são gente branca. É raro encontrar um branco casado com uma mulher de cor, desde que cada qual procura manter na sua família a pureza de sua raça. Nesse sentido, evita a miscigenação.

As terras, desde que foram cultivadas e exploradas pelos brancos, continuam quase sempre em poder dos mesmos. Desse modo, um negro ou um mulato, dificilmente chegará a ser proprietário de uma fazenda ou de uma mina. Nesses casos, pode acontecer que um fazendeiro possa morrer sem deixar herdeiros, ficando os bens para o seu feitor, seja ele um negro ou um mulato, mas desde que tenha competência para gerir o bem.

Mineiros em Matosinhos, perto de São João del Rei (por Rugendas).

Por outro lado, é raro encontrar algum deles, negro ou mulato, que tenha adquirido uma fazenda de um branco arruinado. Nesse contexto, via de regra, serão encontrados quase que só brancos como donos de terras. Para esse estado de coisas, muito contribuem a negligência e a inclinação dos negros pelo prazer.

Por outro lado, se um mulato chega a adquirir alguns bens, pode-se ter a certeza de que um filho ou neto os esbanjará. Assim, tudo acaba, novamente, nas mãos dos brancos. Isso ocorre, desde que sabem dar mais valor às propriedades hereditárias, diferentemente dos homens de outras raças (sic).

Nos maiores povoados, essas regras podem mudar. Ao lado dos brancos, pode-se ver mulatos e negros proprietários de terras. Contudo, tal fato ocorre por quê, aos que vivem no interior, lhes bastam uma casinha e uma pequena horta, que pouco custam ou quase nada representam. Por outro lado, onde há brancos, vivendo ao lado de gente de cor, os primeiros sempre pertencem à elite.

Entre os funcionários públicos, o clero e os comerciantes, via de regra, só encontramos gente branca. Pessoas de cor só há em pequenos comércios. Entretanto, à medida que se penetra no interior, vai aumentando o número de habitantes negros e miscigenados. Num povoado bem remoto, pode-se ver um subdelegado, um juiz de paz, um mestre-escola ou um cura mulato ou preto. No centro e sul de Minas Gerais, é difícil que isso ocorra e, mais raro, na província do Rio de Janeiro.

Mineiros em caçada (por Rugendas).

No cotidiano, […] não se nota preconceito de casta, a não ser entre os homens livres e os escravos. […] Os homens livres, não importando qual seja o tom da sua pele, quando se encontram em qualquer lugar público, seja na igreja, numa festa ou num salão de baile, tratam-se mutuamente com a maior deferência. […]

De modo geral, elevado número de mulatos e escravos libertos são encontrados nas atividades de artesanato […] Em Congonhas do Sabará* havia um mestre-escola preto, gozando de toda consideração. Contudo, seu instituto de ensino era particular e frequentado por crianças de cor. […] — * Congonhas do Sabará: atual Nova Lima.

Quem entra na casa de outrem é considerado seu igual e quem prefere o distanciamento, por vontade própria, se mantém à parte. Por outro lado, observa-se uma etiqueta muito rigorosa ao se lidar com os estranhos. Quando se trata de um mulato, ele não visitará um branco em sua casa, a não ser que seja por motivo de um negócio. Nesse caso, se postará no limite da soleira da porta, a não ser que, mediante um sinal, o convidem a entrar. O costume, ao chegar, é bater palmas, […] ou, então, grita-se: “Ô de casa!” Mesmo que a porta esteja aberta, não deve-se entrar, a menos que seja autorizado.

No trato entre homens, é comum certa liberdade, quando se abre mão da etiqueta. Apesar das pessoas da mesma classe social se tratarem por “vossa mercê“, alguns dizem “vos” ou “você“, o que indica certa intimidade. Mas, também, pode ser interpretado como sinal de arrogância. Por outro lado, as mulheres são tratadas com a máxima deferência e delicadeza. No próprio seio familiar, a esposa chama o marido de “senhor” e ele a chama de “senhora“.

Esta imagem possuí um atributo alt vazio; O nome do arquivo é post-nova-lima-2.jpgAntiga Congonhas do Sabará, atual Nova Lima, na grande Belo Horizonte.

A amabilidade no trato com os forasteiros é extrema, mas se espera idêntico tratamento por parte deles. As mulheres são muito reservadas e, por isso, é raro que um estranho lhes seja apresentado logo de início. Assim sendo, algum tempo se leva para que isso ocorra com os membros femininos.

Em contatos de cunho oficial ou frente a uma visita inesperada, as donas de casa e as filhas nunca aparecem. Nesses casos, ficam fora do ambiente masculino, no máximo olhando furtivamente pelas portas ou janelas, até que o estranho se retire. Se, por ventura, ele as atinja com um olhar, se escondem com máxima rapidez. Entende-se como falta de decoro ou audácia, uma senhora tomar a frente para receber um recém-chegado. […] Origina-se, desse hábito, a notória timidez do sexo feminino. Contudo, a maior culpa por isso advém da desconfiança masculina, quando julga o seu semelhante tendo como modelo o próprio comportamento.

Nesse aspecto, o brasileiro carece do verdadeiro sentimento de justiça, quando extrapola os limites da correção. Nisso se percebe que o homem tem a prerrogativa de ser devasso fora de casa mas, como contraponto, costuma ser severo e desconfiado dentro do seu lar. Nas mesmas circunstâncias, os pretos e os mulatos são considerados iguais. Cada um trata de guardar sua mulher debaixo de sete chaves e de mantê-la inteiramente submissa, de modo que possa gozar livremente de suas paixões extraconjugais.

Gente mineira em viagem (por Rugendas).

Nesse sentido, conta-se o caso de um homem que internou a esposa num convento, por alguns anos, para que pudesse viver com a amante na sua própria casa. Até mesmo a lei ampara tal procedimento, uma vez que, se algum indivíduo quiser se ver livre da esposa durante certo tempo, basta recorrer a uma autoridade competente, que se encarregará de conduzi-la ao abrigo religioso. Evidentemente, caberá ao marido arcar com as despesas de hospedagem. Nesses casos, a mulher não oferece resistência: o homem manda, ela obedece.

Durante o tempo de recolhimento, o marido se atira num comportamento folgazão e de prazeres, junto à concubina. Porém, quando ela não mais lhe agrada, é enxotada e o homem pode trocá-la por outra ou, se quiser, trazer a esposa de volta. Nesse último caso, quando a esposa regressa, ela trata de satisfazer o marido em tudo, a fim de não ser mandada outra vez ao convento. Esse costume está disseminado também nas cidades grandes […]

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← Hermann Burmeister.

As concubinas são geralmente jovens mulatas, de 16 a 20 anos de idade. Isso serve para justificar o aumento da população mestiça nas várias comunidades. Raramente esses homens recorrem ao concubinato com as escravas, embora elas estejam sempre dispostas a aceitar. Tão banalizados se tornaram esses modos de vida, que ninguém se preocupa em ocultá-los. Dizem que as mulheres brancas têm a missão de administrar a casa, as mulatas de oferecer prazeres e as pretas de prestar serviços. Exatamente como diz o velho brocado:

As brancas são para casar, 
As mulatas para fornicar e
As pretas para servir.

O casamento é muito dispendioso. As mulatas não costumam se casar e se contentam em ter amantes, que chamam de companheiros. Os pretos seguem o exemplo, mas é raro um deles viver em concubinato, nesses casos superando os mulatos. Estes últimos são verdadeiramente sensuais. Sua volúpia frente a mulheres brancas é enorme e a mesma coisa ocorre com brancos frente às mulatas. Isso incrementa toda sorte de relacionamentos.

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← Mulata amamentando.

Uma mulata jovem não resiste à tentação de ser amiga de um branco. Por outro lado, tirando partido de seus encantos, todo mulato sabe como seduzir uma mulher branca. Aí está uma explicação para o crescente número de mulatos no Brasil. Entretanto, as crianças oriundas desses casais são consideradas ilegítimas e, tão logo nascem, são apartadas do seio familiar.

Fica muito claro que a luxúria e a sensualidade, tão pouco refreadas, redundam em alta disseminação de doenças e sofrimentos físicos na população brasileira. Tais fatos não são ocultados, sendo assustadora a sinceridade e a sem-cerimônia com que falam desses males. […]

As mulheres brasileiras são tímidas, devido à severidade com que são tratadas, como também relaxadas, no que diz respeito à aparência. É comum que se lavem tão somente de oito em oito dias, outras nem isso. De modo geral, consideram que não vale a pena se vestirem com cuidado. Andam pela casa em chinelos, quase que apenas fiscalizando as escravas, sem realizarem qualquer trabalho. Esse costume é especialmente nocivo às filhas, fazendo com que careçam de um trato social mais elevado. Não fora a intuição, sobre aquilo que seria permissível ou elegante, nada teriam de bom comportamento.

As moças são desajeitadas, mostrando porte pouco gracioso no caminhar, com o ventre saliente e movimentos preguiçosos. Também, no vestuário, lhes falta elegância. Em casa, usam saia e camisa, tendo por cima delas um vestido leve e ajustado à cintura. Isso faz com que careçam da necessária graça feminina, mesmo que tenham bonitas feições. Sequer uma toalete mais elegante, com a qual possam se vestir uma vez ou outra, consegue lhes tirar a falta de graça.

Aos domingos, essas jovens se aprontam, fazendo cachos densos nos cabelos, geralmente negros, e enfeitados com flores variadas. Calçam sapatilhas de cetim e, sobre os ombros, carregam uma grande manta. Entretanto, não largam o modo de caminhar arrastado e preguiçoso. Com olhares apagados, mal observam o que se passa ao redor. É comum ficarem de olhos fixos no chão, absolutamente alheias a tudo.

A mulher que se preza nunca sai só, mas acompanhada por uma escrava, que segue seus passos à uma distância adequada. Quando u’a mãe sai com as filhas, caminham em fila indiana, a mais nova na frente e a mais velha antes da mãe. Tal como numa procissão, o marido vai à frente da esposa, todos em direção à igreja. Nessas ocasiões, é surpreendente o grande número de pessoas elegantemente vestidas. Embora faça lembrar uma feira europeia, a ilusão é passageira, pois, no dia seguinte, tudo muda. Tudo volta ao que era: calças rotas, sapatos gastos, saias sujas e remendadas, chapéus velhos […] e o homem e a mulher do dia anterior, tão sujos se apresentam, que não ousamos lhes tocar, a não ser com pinças.

[…] As mulheres brasileiras, no cotidiano, quando querem se refrescar, se debruçam nos peitoris das janelas, de braços cruzados e ali ficam plantadas. As de Minas Gerais preferem ficar sentadas nas soleiras das portas. A gente pode vê-las pela manhã e à tarde, em grupos, gritando ou berrando como papagaios. Nada é mais desagradável do que ver uma boca bem desenhada, que poderia estar enfeitando um rosto, mas se abrindo, de repente, para emitir sons roucos e dissonantes. Assim, já à primeira vista, se apagam quaisquer ilusões de beleza. Isso trouxe à minha lembrança a anedota de um jovem apaixonado, que pedira à sua eleita que lhe dissesse uma palavra doce. Daí, teve a resposta: “Xarope“. Em resumo, guardei essa impressão de quando uma mineira abria a boca.

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← Branca na janela.

De modo geral, essas mulheres costumam apenas dar uma risada mas, com tal força e a plenos pulmões, que pode ser ouvida em toda a vila. O viajante Saint-Hilaire(4) atribui isso e com razão, ao tom de mando que usam quando se dirigem às suas escravas, quase única convivência humana durante o dia. Em Congonhas do Sabará, sempre me sentia no auge do desespero, quando era obrigado a ouvir as conversas das minhas vizinhas. 

Porém, muito mais desagradável é o mau hábito que as mulheres têm de cuspir repetidamente […] Esse procedimento violenta a natureza feminina e não há como justificá-lo. Tal como os homens, algumas delas fumam fortes charutos e, talvez nisso, resida a origem das cusparadas. Porém, mesmo sem um charuto na boca, torna-se chocante ver uma bela morena, de cintilantes olhos negros, tirando notas de um violão e, de vez em quando, escarrando com toda força no chão. Assim sendo, permaneci invulnerável a qualquer sedução ou encanto que partisse de uma mineira. Tal como o doutor Fausto, na Noite de Walpurgis*(5), quando dizia saltar daquelas lindas boquinhas, uns ratinhos brancos. Pois sim, nada me levaria a colocar um beijo naqueles lábios!”

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Para encerrar e tomando emprestado, aqui vai o pensamento de um mineiro, o escritor Guimarães Rosa: “O real não está no início nem no fim, ele se mostra pra gente é no meio da travessia”.

Por Eduardo de Paula

Revisão: Berta Vianna Palhares Bigarella

Veja mais, clique: “Nem tudo mudou”; “Viagem com o alemão (I)”; “Viagem com o alemão (II)

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(1) BURMEISTER, Hermann Conrad – (Stralsund, Reino da Prússia, *15.01.1807 / Buenos Aires, †1892).

(2) Lund – Na pequena cidade do estado de Minas Gerais, esse cientista havia descoberto, em cavernas da região, importantes fósseis pré-históricos. / Clique e leia: “Bendita Lagoa Santa”

(3) “Viagem ao Brasil, através das províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais”, Editora Itatiaia, 1980.

(4) SAINT-HILAIRE, Augustin François César Prouvençal de – (Orléans, França, *04.10.1779 / Orléans, †03.09.1853) Botânico e naturalista. No Brasil fez viagens exploratórias entre 1816 e 1822. No território brasileiro, coletou mais de 30 mil amostras, sendo 24 mil de espécimes vegetais e 6 mil de espécimes animais.

(5) Noite de Walpurgis: abordada na obra Fausto (de Goethe), na passagem em que bruxas e demônios se reúnem promovendo um sabá, ou seja, uma assembleia em noite de sábado. Em certo momento, Fausto se envolve numa dança erótica com uma jovem bruxa, quando então vê um rato saindo da boca de sua parceira. / É uma festa tradicional cujas origens remontam, em parte, aos primórdios do paganismo. Tem sido celebrada na noite de 30 de abril para 1 de maio. Atualmente, tem ocorrido em comunidades cristãs, ou mesmo não cristãs, em diversos países do norte e centro da Europa.

8 Comentários »

  1. O mais grave é que a carapuça assentou em mim, em alguns momentos. As mulheres de chinelo… Olhei para meus pés e estou de chinelos. Mal vestidas… Está aí uma coisa que sempre incomodou muita gente: minha deselegância. Ao ponto de falarem para mim que era preciso andar mais na moda. “Oh, você está linda hoje, nem te reconheci! Está bem vestida” (rs, rs, rs). Ou então: “Tenho de te falar, Virginia. Esse vestido não se usa mais, vestidos curtos assim. Você se veste mal demais, puxa vida”. Outras vezes falavam, uns com os outros, quando me viam.E eu ouvia: “Nem parece filha de médico. Precisa de um banho de loja”. Perdi um namorado por conta disso. Alegou esse o motivo para romper o namoro. Os amigos caçoavam dele, por estar com uma moça mal vestida. Essa doeu porque juro que estava caprichando. Até comprei roupas novas. Pensava estar bem e não estava. Falta de jeito mesmo. Eu saía com amigas e queria ser que nem elas, que paravam nas vitrines, interessadas nas bolsas e sapatos. Eu não me interessava. Mas, se passava na porta de uma livraria ou casa de discos, já era diferente. Uma vez, levei um susto em São Paulo. Estive com uma amiga, que não via fazia tempos, e ela disse bem assim: “Você sempre alinhada, hein? Muito elegante”. Vai ver que estava me gozando, mas me pareceu sincera.

    A carapuça assentou também quando o Alemão fala sobre o caminhado arrastado, preguiçoso. Gente, eu arrasto os chinelos! Depois de ler o texto vou até tentar melhorar isso. Posso melhorar, não é? Ainda é tempo de aprender a ficar melhorzinha. Mas juro que tomo banho diariamente, viu? Nada de apenas de oito e em oito dias. E as cusparadas? Olha, é triste, mas, ao mesmo tempo, tem graça. Eu ainda estou rindo de muita coisa lida hoje aqui.

    Como sempre veio aprendizado, conhecimento. Não sabia sobre os maridos internando as esposas nos conventos. Para viverem com as concubinas. Novidade total para mim.

    Muito curioso o que ele nos conta. Racismo e machismo andando juntos, de forma bem informativa. Fico pensando se ele andou pelo Norte de Minas. Acho que não. Saint-Hilaire chegou até aqui. E ficou impressionado com a desafinação das mulheres cantando na matriz. “Jamais som mais desafinado me feriu os ouvidos”, disse ele.

    Comentário por sertaneja — 01/04/2022 @ 2:29 pm | Responder

    • Sertaneja: Valeu! Seu comentário é uma crônica.
      Muito obrigado, Eduardo.

      Comentário por sumidoiro — 01/04/2022 @ 4:04 pm | Responder

  2. Obrigada por mais este post. As informações que você coloca em seus escritos sempre trazem novidade para mim, pois circulo, no cotidiano, por outro tipo de leitura. Viajo pelos romances, Ydernéa

    Comentário por ydernea de souza birchal — 02/04/2022 @ 1:46 pm | Responder

    • Ydernéa: Do mesmo modo lhe agradeço. É uma satisfação ter uma leitora como você. / Eduardo

      Comentário por sumidoiro — 03/04/2022 @ 3:18 pm | Responder

  3. Quantas informações em “Gente Mineira”! São os nossos antepassados e seus costumes, tão pouco conhecidos de nós. Seu texto nos ajuda, e muito, a compreender o porquê de tantas loucuras, de tantos sofrimentos e de tantas lágrimas derramadas nestas terras de Minas Gerais. Parece que melhoramos, que já não somos tão desajeitados, tão humilhados, tão inautênticos, tão insensíveis… As fotografias antigas sempre tiveram uma atração muito grande sobre mim. Nelas, as mulheres quase sempre aparecem com um olhar distante, tão triste que me dava um dó tremendo dessas mulheres. A vida não lhes pertencia, era de seus pais, de seus maridos, de amantes, que nem sempre sabiam o que fazer com elas. Foram tantas mulheres que viveram sem ter vivido. Hoje, quando me defronto com mulheres ocupando seus espaços na sociedade, mesmo quando há excessos, sinto-me feliz e compreendo como foi difícil e longa essa caminhada de poder levantar os olhos e sentir a dignidade de ser uma mulher.

    Comentário por Pedro Faria Borges — 04/04/2022 @ 3:50 pm | Responder

    • Pedro: Concordo com você sobre as mulheres, mas vou mais além. A sociedade ainda lhes é devedora. Deram umas coisas, tiraram outras. Aponto só uma: onde ficaram as cortesias ao feminino que, infelizmente, caíram de moda? Delicadeza atrai delicadeza. O mundo não está bruto demais? A culpa é de quem?
      Muito grato, Eduardo.

      Comentário por sumidoiro — 04/04/2022 @ 6:57 pm | Responder

  4. Esse texto foi extremamente revelador ao mesmo tempo que chocante! É até difícil aceitar que nossos antepassados se comportavam assim faz tempo. De repente o modo de comportar-se hoje em dia já não parece uma grande queda, tendo em vista o enraizamento desses hábitos já há gerações. Achei triste os costumes sexuais de amantes e concubinas e também da descartabilidade das esposas. Tenho, porém, uma forte esperança que é nosso destino transcender os pecados de nossos ancestrais.
    Muito bom o texto. Acabei de conhecer seu site, muito por acaso. Continue o bom trabalho! Eu sentia muuuuuita falta de ler um textinho brasileiro. Textos como o que o senhor escreve estão a acabar. Textos com alma brasileira, com português vernáculo, maternal, aconchegante, que toca a sensibilidade e preenche os sentidos.

    Tenho 23 anos, moro sozinho nos EUA e sinto muita saudade do Brasil e da minha família, sinto falta principalmente do Brasil que eu nunca vivi, mas que esteve aí, em algum lugar, em algum momento. Nas duas décadas que passei aí vivendo no interior do RJ já não existia mais uma conexão, uma identidade brasileira, um senso de comunidade, de fraternidade, e até a religião já estava a decair, portanto o Brasil dos meus sonhos é somente isso – um sonho. Mas esse sonho é reacendido quando leio um português bem escrito, escrito com carinho, atenção e autenticidade, e principalmente quando o texto fala de coisas que tocam na essência de ser brasileiro.

    Obrigado e por favor continue com esse trabalho. Deus abençoe!

    Comentário por Lucas Andrade — 07/12/2023 @ 12:38 am | Responder

    • Lucas: Muito obrigado pelas gentis e estimulantes palavras. Todo dia 1 lanço um novo Post. Sempre lhe avisarei.
      Um abraço do Eduardo.

      Comentário por sumidoiro — 07/12/2023 @ 8:57 am | Responder


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