Sumidoiro's Blog

01/09/2021

COLEGA CATARINO

Filed under: Uncategorized — sumidoiro @ 8:41 am
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♦ Homenagem post-mortem

Abre-se esta página com um relato que remete à segunda metade dos anos de 1950. São revelações oriundas da convivência do autor deste Blog* com Oswaldo Catarino Evaristo, artista e ex-pracinha da Segunda Guerra mundial. Na intimidade, era tratado como Catarino.  * Eduardo de Paula

Essa imagem tem um atributo alt vazio; o nome do arquivo é post-catarino-parque.jpgArtista Catarino (por Derly Marques). / Parque Municipal, BH (por Guignard)

Em 1955, contando 18 anos de idade, lhes digo que fui contratado como desenhista da revista Alterosa(1), com sede em Belo Horizonte. Assumi esse trabalho mesmo sendo autodidata, embora trazendo breve experiência em agência de publicidade. Pouco tempo depois, aconselhado por uma amiga, me matriculei na escolinha do Mestre Guignard(2). Nessa casa de ensino artístico, tive a sorte de me aproximar do personagem Catarino. 


Essa imagem tem um atributo alt vazio; o nome do arquivo é post-rev-alterosa.jpgVamos lá… Na edição de 15.10.1959, a revista Alterosa publicou uma reportagem sobre Catarino. Preenchendo três páginas, foi assinada por André Carvalho, com fotos de Derly Marques e desenhada (diagramada) pelo autor deste Blog, nós quatro éramos amigos comuns. Reescrevendo o que ali está e acrescentando mais detalhes, aqui interpreto essa história:

      “Ainda muito jovem, Catarino empregou-se na Telefônica Brasileira e pode conhecer vários países: Argentina, Bolívia, Paraguai, Chile e o além mar, no Portugal. Vivia sempre atrelado com uma ou outra mulher, mas apenas em sonho. De vez em quando, as exibia no papel, em versos de amor da sua lavra. Se pudesse, gostaria de estar junto delas em carne e osso. 

Até que chegou o momento de prestar o serviço militar obrigatório, onde lhe fizeram soldado reservista de 1ª categoria, no 11º Batalhão do Exército, em São João Del Rei (MG). Logo depois, ao eclodir a segunda Guerra Mundial, meteram-no nela. Chegou à Itália em novembro de 1944, onde lutou pelo Brasil e viu morrer inúmeros amigos mais chegados. Como soldado prestava obediência mas, uma vez que era muito humano e poeta, não conseguia se livrar do medo. Verdade é que, na guerra, teve participações corajosas e por elas recebeu várias medalhas.

Em certo momento, num confronto com os alemães, na região de Monte Castelo*, vinte e cinco soldados do seu pelotão, inclusive ele, foram dados como mortos ou desaparecidos. Porém, no dia 12 de dezembro de 1944, Catarino reapareceu ileso junto aos seus, no povoado de Abetaia, nas cercanias de Gaggio Montano. Noutro combate, uma granada arrancou-lhe um pedaço da barriga da perna. Apesar das dores, guardou silêncio, com receio de ter que baixar no hospital. Porém, mancando e febril, teve que ir em frente, na própria Gaggio Montano, em direção ao Monte Castello. Por lá, em meio à neve, participou de patrulhas, se expondo a bombas que cruzavam os ares e a rajadas de metralhadora, ao mesmo tempo em que evitava barreiras de canhões. — * O enfrentamento teve início em 25.11.1944.

Essa imagem tem um atributo alt vazio; o nome do arquivo é post-catarino-x-2.jpgRosto de Catarino e, de corpo inteiro, o mais baixo à esquerda.

Em fevereiro de 1945, durante uma operação visando os alemães, ocorreu outro confronto, quando os inimigos foram rechaçados com força, embora havendo inúmeras baixas entre os brasileiros. Pouco dias depois, houve mas um combate vitorioso, mas com sabor de derrota, desde que o terreno ficou coberto pelo sangue de vários amigos. Mais adiante, houve a conquista de Castelnuovo, pelo 1º Batalhão, do 11º Regimento de Infantaria, e lá esteve mais uma vez Catarino. Em seguida, promoveram um ataque a Vergato, onde caíram num campo minado.

Em meio a tantas mortes, mesmo com os olhos já se acostumando com as terríveis cenas, a neurose foi tomando o soldado Catarino. Sufocava o homem e aniquilava o poeta. Por tudo isso, mandaram-no de volta à pátria, mas quando chegou à sua cidade, Belo Horizonte, encontrou-a muito tristonha e não lhe apresentava boas perspectivas. Num certo momento, com a neurose lhe consumindo, optou por mudar-se para Pedro Leopoldo, uma pequena cidade na vizinhança. Deu certo, porque lá encontrou Gilda, um caso amoroso que lhe serviu para aliviar dores da guerra.

Porém, retornou a Belo Horizonte, onde empregou-se como servente, em 1948, na Secretaria da Educação. Desde então, suas poesias ficaram conhecidas, embora num círculo restrito e, esporadicamente, publicadas em um suplemento literário. Até que, em certa oportunidade, teve a sorte de manter contato com um grupo de alunos da escola de belas-artes* do mestre Guignard(3), fato que provocou uma reviravolta na sua vida. Como o estabelecimento se organizava em cursos livres, nele se matriculou e experimentou várias especialidades: desenho, pintura, escultura, etecétera e tal. Tudo lá se encaixava muito bem com o espírito do poeta nato. — * Instalada no Parque Municipal de BH.

Essa imagem tem um atributo alt vazio; o nome do arquivo é post-guignard.jpgGuignard em auto-retrato e em fotografia.

Apesar de tudo, ainda lhe faltava encontrar a verdadeira mulher da sua vida, uma vez que Gilda não passara de um relacionamento efêmero. Surgiu então no seu caminho uma mulher branca, que sentiu no preto Catarino uma alma afim e, por isso, tornam-se amigos. Assim, prosseguiram ao ponto de chegarem nada mais que ao amor platônico.

Ela o incentivava, animava, posava para retratos, fossem em desenho, pintura ou escultura. Fez-se também instrutora e apontava falhas, e caminhos. Curava tédios, apagava lembranças ruins. Enfim, procurava preencher quase todos os seus vazios. Para ele, havia surgido uma mulher perfeita, de nome Solange. Sobre o que veio depois? Infelizmente, Catarino não está mais aqui para contar…” 

Essa imagem tem um atributo alt vazio; o nome do arquivo é post-catarino-pintura.jpgCatarino e sua pintura (Museu de Arte Moderna de BH, acervo).


BEM LONGE DA PÁTRIA

Em novembro de 1944, com a guerra já em andamento, chegou à Itália o 11º Regimento de Infantaria, com sede em São João del Rei, onde estava engajado Catarino. A cidade fica no estado de Minas Gerais, que costuma ser dito como Terra das Alterosas, devido à topografia com muitas montanhas. Pois bem, aparece na Canção do Expedicionário, num trecho que diz:

Venho das praias sedosas
Das montanhas alterosas
Dos pampas, do seringal
Das margens crespas dos rios
Dos verdes mares bravios
Da minha terra natal

Por mais terras que eu percorra
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Sem que leve por divisa
Esse V que simboliza
A vitória que virá

De fato, as palavras do hino têm a ver com Catarino. Outra curiosidade é que, em Gaggio Montano, foi erigido um monumento idealizado por uma ex-aluna da escolinha de Guignard, a mesma onde estudou o pracinha. Seu nome: Mary Vieira(4). Formado por dois arcos, um deles tem duas pontas fincadas na terra. No outro, elas apontam para o céu, indicando o caminho das almas dos soldados mortos. Além disso,  a escultora tirou partido do movimento do sol que, ao meio-dia, projeta sobre o solo uma cruz, abençoando os heróis que lutaram pela liberdade.

Essa imagem tem um atributo alt vazio; o nome do arquivo é post-monumento-itacc81lia-2x.jpgMonumento aos heróis da FEB, em Gaggio Montano (por Mary Vieira).

MONTE CASTELLO

Nas cercanias do Monte Castello, um agrupamento de pequenas casas, já semi-destruídas, mas ainda dominadas pelos alemães, barravam o avanço das tropas aliadas. Pela sua situação estratégica, os nazistas procuravam mantê-lo sob seu domínio. Desde as vizinhanças, estava todo protegido por casamatas e pontos fortes. Nessa localidade, mesmo tendo auxílio dos norte-americanos, houve tentativas de ultrapassagem visando a tomada do Monte Castello. Ali, os soldados da Força Expedicionária Brasileira (FEB) sofreram severas perdas, isso por umas quatro vezes. Na verdade, o casario esteve tanto nas mãos dos alemães quanto dos brasileiros.

Contudo, somente em 21 de fevereiro de 1945, a FEB conquistou a elevação, de 887 metros de altura, situada a cerca de 60 km, a sudoeste da cidade de Bolonha. O acontecimento foi essencial na guerra de libertação que, poucos meses depois, levaria à derrota das tropas nazistas. O enfrentamento não foi fácil, pois a batalha se arrastou por três meses, de 24 de novembro de 1944 a 21 de fevereiro de 1945. Nesse período, ocorreram seis ataques com grande número de baixas entre os brasileiros.

A tomada do estratégico Monte Castello, é devida à garra dos pracinhas, mesmo diante da precariedade de equipamentos e dificuldades ambientais, principalmente a neve. Até mesmo os calçados não eram apropriados para a neve. Tantas eram as dificuldades que, quando falavam dessa montanha, os pracinhas costumavam denominá-la como Monte Fantasma. Esse baluarte alemão fazia parte da chamada Linha Gótica, fortemente protegida por mais de 200 mil minas terrestres, além de valas anti-tanques e mais fortins guarnecidos por atiradores de elite.

Por sua vez, o episódio de Abetaia tornou-se um símbolo da garra dos pracinhas. Aconteceu que, após uma derrota sofrida pela FEB, em 12 de dezembro de 1944, tendo como cenário uma noite escura e quando caía uma chuva miúda, houve um número alto de baixas. Logo após o confronto, centenas estiveram a gemer nos hospitais de campanha. Nos postos de comando dos batalhões, quando se fez a chamada dos combatentes, centenas não respondiam mas, volta e meia, aparecia algum sobrevivente. Outrossim, semanas depois, inúmeros foram encontrados mortos, e mais, chegando notícias daqueles que se tornaram prisioneiros.

Essa imagem tem um atributo alt vazio; o nome do arquivo é post-tomada-mt-castelo.jpgPracinhas brasileiros tomando posse de Monte Castello.

Um mistério, entretanto, preocupava os comandantes dos Regimentos, Sampaio, Tiradentes e Ipiranga, ou seja, ninguém sabia do paradeiro de 17 soldados. A última vez que foram vistos avançavam em direção à Abetaia. O tempo foi passando e a neve caindo, sendo que, em certos lugares, chegava aos joelhos. Durante dois meses, estiveram à procura dos desaparecidos, até que, logo depois do 21 de fevereiro de 1944, quando as tropas brasileiras tomaram e ocuparam o Monte Castello e região, houve uma terrível descoberta, justamente em Abetaia.

Quem deu a notícia foi o capelão do Regimento Sampaio, pastor Soren*, da Igreja Batista, que acabara de percorrer caminhos onde a neve já havia derretido. Contou que, ao se deparar com algumas silhuetas proeminentes num terreno, na verdade eram 17 corpos de soldados. Pela posição de cada um e pela condição de cada arma e equipamento, estavam a revelar como morreram em combate. — * SOREN, Filson João (imagem à esquerda).

Como tinham sido ofendidos por granadas e rajadas de metralhadoras, estavam todos de frente para o inimigo. Muitos comprimiam os gatilhos das armas, outros seguravam granadas. À frente de todos, com a boca aberta, como a comandar sua última ordem, com o braço direito esticado, a mostrar o objetivo e dando sinal de avançar, estava caído o sargento Luís Rodrigues Filho. Aos olhos do padre formava-se a nítida imagem dos soldados em ação, corajosamente enfrentando os inimigos. Diante da cena, o pastor Soren caiu de joelhos e fez uma oração com todo fervor.

Quase todos estavam com o dedo no gatilho, outros com granadas nas mãos, já sem o grampo de segurança. Os corpos permaneciam muito bem conservados, devido ao manto protetor que os cobria, mas ainda estavam em processo de descongelamento. Tempos depois, esses homens ficaram conhecidos como “Os 17 de Abetaia(5)

Entre os mortos estavam três mineiros, talvez conhecidos de Catarino: Alcides Maria Rosa (vindo de Dores de Campos – 11º RI ), Antonio Coelho da Silveira (vindo de São João Del Rei – 11º RI ), Hereny da Costa (vindo de Belo Horizonte – 11º RI ). Este último ganhou nome de rua em Belo Horizonte.

Quanto ao intrépido comandante do grupo, o sargento Luiz Rodrigues Filho, apurou-se que pertencia ao 1º RI, do Rio de Janeiro, situado no Engenho Novo. Vivia no bairro de Madureira (RJ), junto com os pais, dona Umbelina Alves Rodrigues e Luis Rodrigues Filho. A habitação, na periferia da cidade, era muito modesta. 


EM FAMÍLIA

Em 29 de novembro de 1946, Catarino teve uma grande alegria, nascera uma filha da sua irmã Joana Josefina Evaristo, lavadeira. Quando adulta, tornou-se professora universitária e escritora famosa. Nome: Conceição; sobrenome: Evaristo(6). Por suas próprias palavras, informou que possuía uma espécie de notificação do seu nascimento, lavrado pela Santa Casa de Belo Horizonte e acabou por dizer:

“Tive esse registro de nascimento comigo, durante muito tempo. Impressionava-me, desde pequena, essa cor parda. Como seria essa tonalidade que me pertencia? Eu não atinava qual seria. Sabia sim, sempre soube que sou negra.”

Essa imagem tem um atributo alt vazio; o nome do arquivo é post-catarino-conceiccca7acc83o.jpgCatarino no seu quartinho (por Derly Marques). / Conceição Evaristo.

O soldado artista Catarino, quando retornou a Belo Horizonte e enquanto estudou na escolinha de Guignard, morou no quartinho de um barracão na favela, junto com a irmã e sobrinhos. Quem esclarece é a sobrinha Conceição, que foi desperta para as letras pelo tio querido. Em depoimento, que fez em 2019, revelou:

“Meu tio Oswaldo Catarino Evaristo possuía uma biblioteca no quartinho em que morava, mas de entrada independente, ao lado da casa de minha mãe. Biblioteca que minha mãe não nos deixava visitar e que era trancada quando ele saia para trabalhar. Imagino que era leitura só para adultos.”Site “Escrevendo o Futuro“, 2019.

Certa feita, já adulta e morando no Rio de janeiro, visitou o lugar da sua infância, mas que fora transformado em um bairro urbanizado. Dessa experiência, deixou por escrito:

“Dali só reconheci a terra da favela*. Sim a terra, o pó, o barranco, sobre o qual está edificado o “Mercado Cruzeiro”, no final da rua. Observei que, ao edificarem o prédio, conservou-se parte do barranco sem cimentá-lo. Pude contemplar o solo, a base da construção. Em um ponto qualquer daquele espaço, literalmente, está enterrado o meu umbigo. Sem que ninguém percebesse, alisei o chão e dele catei alguns fragmentos. Tive um desejo louco de tocar a boca nas minhas mãos.” — * O desfavelamento da denominada favela do “Pindura Saia”, melhor dizendo, “Pendura Saia”, ocorreu em 1971.

E disse mais:

“Durante toda a primeira infância, até ali por volta dos 10 ou 11 anos de idade, morou conosco na favela, em um quartinho à parte, meu tio materno Oswaldo Catarino Evaristo. Esse tio havia servido à pátria lutando na Itália, na Segunda Guerra Mundial. […] Ao longo dos anos, ele estudou, desenvolvendo seus dons de poeta e artista plástico. E, mais do que isso, foi sempre um consciente questionador da situação do negro brasileiro. Repito sempre que a ele devo as minhas primeiras lições de negritude.”


Agora, para encerrar, mais um trecho da Canção do Expedicionário:

Essa imagem tem um atributo alt vazio; o nome do arquivo é post-bandeira.jpgNossa vitória final
Que é mira do meu fuzil
A ração do meu bornal
A água do meu cantil
As asas do meu ideal
A glória do meu Brasil

Por Eduardo de Paula

Revisão: Berta Vianna Palhares Bigarella

——

(1) Revista Alterosa – propriedade de Olímpio de Miranda e Castro. Fundada em 1939, em Belo Horizonte (MG).

(2) Escola de Guignard – Fundada em 1944, por iniciativa do prefeito Juscelino Kubitschek. Nesse sentido, foi lavrado o decreto nº 151, de 29 de fevereiro de 1944, com o propósito de, à Escola de Guignard, anexar a Escola de Arquitetura – já existente – e atribuindo à junção das duas o nome de Instituto de Artes de Belo Horizonte. Contudo, o decreto não foi posto em prática e ambas instituições continuaram separadas. A Escola de Guignard continuou independente, como curso livre e, só mais tarde, passou a se chamar Escola de Belas-Artes de Belo Horizonte. Atualmente, faz parte da Universidade do Estado de Minas Gerais.

(3) GUIGNARD, Alberto da Veiga – (Nova Friburgo, estado do Rio de Janeiro, *23.02.1896 / Belo Horizonte, †25.06.1962).

Essa imagem tem um atributo alt vazio; o nome do arquivo é post-lierdade-em-equilicc81brio.jpg(4) VIEIRA, Mary – (São Paulo – SP, *30.07.1927 / Basileia, Suíça, †2001). Estudou desenho e pintura com Guignard, e escultura com Franz Weissmann (na antiga Escolinha de Gignard). Em 1951, transferiu-se para a Suíça, onde fez curso de aperfeiçoamento com Max Bill. / Para Belo Horizonte, projetou um monumento que está edificado na Praça Rio Branco, início da avenida Afonso Pena. A obra recebeu o título de “Liberdade em Equilíbrio(imagem anexa).

(5) Os 17 de ABETAIA – Luiz Rodrigues Filho (sargento) 1º RI, Engenho Novo, RJ / Ary de Azevedo, 1º RI, Engenho Novo, RJ / Cristiano Clemente da Silva, 11º RI, Tijucas, SC / Durvalino do Espírito Santo, 11º RI, São Fidélis RJ / José de Aráujo, 11º RI, Santo Antônio de Pádua RJ / Alcides Maria Rosa, 11º, RI Dores de Campos, MG / Aleixo Herculano Malva, 11º RI, Itajaí SC / Almiro Bernardo, 11º RI, Botucatu SP / Amaro Ribeiro Dias 11º RI, Campos, RJ / Amélio da Luz 11º RI, Cerro Azul, PR / Antonio Coelho da Silveira, 11º RI, São João Del Rei, MG / Lindo Sardagna, 11º RI, Ibirama, SC / Hereny da Costa, 11º RI, Belo Horizonte, MG / Iraci Luchina, 11º RI, Araraguá, SC / Mariano Felix, 11º RI, Itatinga, SP / Rafael Pereira, 11º RI, Mirandápolis, SP / Sebastião Clemente Machado, 11º RI, Rio Preto, SP.

(6) SOBRINHA e TIO — Maria da Conceição Evaristo de Brito (nome e sobrenome de casada) – (Belo Horizonte, *29.11.1946). Graduada em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1990); Mestre em Letras; Doutora em Letras. Atuante nas áreas de Literatura e Educação, com ênfase em gênero e etnia. Assessora e consultora em assuntos afro-brasileiros. Poetisa, romancista e ensaísta. Sua produção poética aparece em “Cadernos Negros“, publicação do grupo “Quilombhoje“, de São Paulo. / Romances: “Ponciá Vicêncio” e “Becos da memória“; Poesia: “Poemas da recordação e outros movimentos“; Contos: “Insubmissas lágrimas de mulheres“. // Oswaldo Catarino Evaristo — Casou-se, em São Gonçalo do Pará (MG), com Maria Antônia Cesário Evaristo, com que teve filhos. Em sua homenagem, uma via da cidade leva o nome de Rua Oswaldo Catarino Evaristo.

13 Comentários »

  1. Caro Eduardo, obrigada por compartilhar suas memórias. É uma emoção ler seu texto e conhecer melhor quem foi esse homem, que não tivemos a oportunidade de conhecer pela morte precoce. Catarino Evaristo era meu avô. Gostaria muito que a gente pudesse trocar contato e conversasse um pouco mais. Abraço!

    Comentário por Mariana Evaristo — 03/09/2021 @ 6:20 am | Responder

    • Mariana:
      Vou entrar em contato com você por email.
      Um abraço do Eduardo.

      Comentário por sumidoiro — 03/09/2021 @ 8:59 am | Responder

  2. Muitos de seus textos — “Colega Catarino” está entre eles — prestam um serviço à história de nosso país, nem sempre cuidadosa com a memória de seus filhos e de suas instituições. Osvaldo Catarino Evaristo (“Os 17 de Abetaia”) e Guignard (sua escola e muitos que por lá passaram) têm, no seu texto, um pouco do reconhecimento que todos nós lhes devemos. Seu trabalho de pesquisa, colocando nossa história diante de nós, ligando pessoas e fatos, tem um mérito muito grande. Há fatos e pessoas que, mesmo estando tão perto de nós, encontram-se tão longe do reconhecimento que deveriam ter. Este “Colega Catarino” é um dos textos que guardo, não em meus arquivos, mas no meu coração de brasileiro.

    Comentário por Pedro Faria Borges — 04/09/2021 @ 3:50 pm | Responder

    • Pedro: De fato, precisamos ser mais devotos à nossa história. Catarino é um personagem que merece não ser esquecido. Outra vez, lhe envio meu muito obrigado.
      Um abraço do Eduardo.

      Comentário por sumidoiro — 04/09/2021 @ 7:06 pm | Responder

  3. Obrigada pelo post. Sempre é bom recordar. Lembrei-me de dois amigos que foram pracinhas. Li o livro Ponciá Vicêncio, de Conceição Evaristo. Gostei muito. Ydernéa

    Comentário por Ydernéa — 08/09/2021 @ 1:14 pm | Responder

    • Ydernéa: Fico feliz por você ter gostado. Um abraço do Eduardo.

      Comentário por sumidoiro — 08/09/2021 @ 3:52 pm | Responder

  4. Agora, você me tocou profundamente. Sempre me emociono com os pracinhas. Bom conhecer o Evaristo por você. Posso imaginar como deve ter sido doloroso para alguém, com sua sensibilidade, ter de matar e ver amigos morrendo. Conheci um deles, que também ficou sofrendo de neurose, a tal ponto que só usava preto em luto pelos que morreram. Segundo minha mãe, foi minha primeira paixão. Bom, eu tinha dois anos incompletos. Não me recordo. Sempre escutei sua história. Morava no Rio de Janeiro, mas de família de Montes Claros. Veio visitar a cidade e acho que era nascido aqui. Naquela visita, passava diariamente na minha casa e fez amizade com meu pai. Dizia se sentir bem melhor por causa do bebezinho, eu mesma. Minha mãe contava que eu abria os braços para ele sempre que o via. Gostava do seu colo. Estava fazendo terapia comigo e eu não sabia.
    Numa tarde, veio se despedir. Pediu um beijo. Pois bem entendi e dei o beijo deixando todos surpresos. “Ela sabe o que é beijo!” Sim, chorei muito, quando entendi que não voltaria. Por isso, brincavam comigo dizendo que “Paulo está chegando…” Eu ficava procurando por ele. Então diziam: “É brincadeira, ele foi embora.” E eu chorava de novo. Faziam isso quando havia visitas, de modo a mostrar como eu gostava do pracinha. Depois que todos me viam chorando, minha mãe cantava a Canção do Expedicionário. Ficou uma especie de tema de amor de Paulo e Virgínia. Deve ter sido a primeira música que aprendi a cantar. E sei até hoje.
    Muitos anos depois, quando eu já estava com 14 anos, ele reapareceu. Mas não quis me ver, imaginando que eu teria uma decepção. Vai ver que era ele que temia se decepcionar. Queria guardar a imagem da nenêzinha na lembrança. Enfim, ele não sabe, mas o revi, uma pessoa diferente numa esquina, conversando com um amigo meu. Notei que não era da cidade. Era grisalho e bonito. Vestia camisa preta. Até parei um pouco para apreciá-lo. Ao chegar em casa, meu pai contou que ele estava na cidade. E que não queria me ver. Então contei que tinha acabado de avistá-lo, lá no centro. Penso que ele me viu, porque eu cumprimentei o meu amigo de longe. Talvez tenha comentado com ele quem era aquela mocinha.
    Um montes-clarense perdeu a vida ali na Itália, o cabo Santana. Temos rua com seu nome. Um bequinho, que muitos chamam de Beco da Vaca. Isso porque, certo dia ali, apareceu uma vaca passeando tranquila por entre as mesas de um boteco. Mesas na rua. Sempre protestei contra isso. A inocente vaca não faz questão da homenagem. Mas nós teríamos de fazer questão de homenagear o Santana, sacrificado em terras italianas lutando, contra o nazismo e o fascismo.
    O nosso Instituto Histórico criou, recentemente, uma sala com seu nome. Vai ver que o Catarino conheceu o Paulo, ou o Santana. Quem sabe?
    Vai ver que li algo sobre ele, o Catarino, quando eu era criança. Imagino isso, porque recebíamos a revista Alterosa. Ainda existem algumas na biblioteca do meu pai. Pertenciam a minha irmã, na verdade. Meu pai fez a assinatura para ela. E eu lia todas que chegavam. Devo ter visto trabalhos seus, Eduardo. Vou até ver as que ainda existem, ver se as encontro. Não estou reconhecendo a capa. Começaram a chegar aqui em 1954. Você trabalhava lá nessa época?

    Comentário por sertaneja — 13/11/2021 @ 2:05 pm | Responder

    • Sertaneja:
      Seu comentário está como um complemento ao meu Post. Quanto à minha admissão no departamento de arte da revista Alterosa, lhe digo que foi em 1955, pouco antes de completar meus 18 anos de idade.
      Muito obrigado e um abraço do Eduardo.

      Comentário por sumidoiro — 13/11/2021 @ 8:59 pm | Responder

  5. Só mais uma coisa. As tais coincidências. Ontem a noite saiu matéria sobre o Cabo Santana no facebook, Inclusive com foto dele. Estão pensando seriamente num busto em sua homenagem.

    Comentário por sertaneja — 14/11/2021 @ 2:51 pm | Responder

  6. Olá, Eduardo. Agradeço por compartilhar estas memórias. Sou filha do Osvaldo. Pude conviver com ele na infância. Como uma boa parte dos combatentes de guerra, ele morreu muito novo. As suas memórias, como disse minha sobrinha, nos ajudam a compor a pessoa que ele foi. Se for possível, também gostaria de conversar com você. Abraço.

    Comentário por Mara Evaristo — 05/02/2022 @ 3:16 pm | Responder

    • Mara: Gostaria muito de conversar com você. Vou lhe enviar meu email e telefone. Um abraço do Eduardo.

      Comentário por sumidoiro — 06/02/2022 @ 11:18 am | Responder

  7. Excepcional e gratificante. Felicitações!

    Comentário por Tadeu Silva — 11/01/2024 @ 5:59 pm | Responder

    • Tadeu: Muito obrigado.
      Um abraço do Eduardo.

      Comentário por sumidoiro — 11/01/2024 @ 6:13 pm | Responder


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